Trabalhadores negam condição de escravidão em obra da BYD, diz empresa terceirizada


A Jinjiang Construction Brazil, terceirizada responsável pela construção de uma unidade da BYD em Camaçari, Bahia, divulgou um vídeo no qual trabalhadores chineses negam as acusações de condições análogas à escravidão. A publicação ocorreu na última quinta-feira (26).

No vídeo, um funcionário lê uma carta conjunta afirmando que a empresa agiu conforme a lei, com pagamento regular de salários e garantia de benefícios. Ele classificou como injusto o rótulo de trabalho escravo, afirmando que isso insultou a dignidade dos trabalhadores. O relato sugere que as irregularidades relatadas surgiram durante os trâmites de regularização documental.

Por outro lado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou que 163 trabalhadores chineses foram vítimas de tráfico internacional de pessoas. As investigações apontaram diversas irregularidades, como:

Alojamentos degradantes (camas sem colchões, falta de armários, alimentos misturados a itens pessoais);

Banheiros insuficientes e precários (apenas um banheiro para 31 trabalhadores);

Jornada exaustiva (10 horas diárias) com folgas irregulares;

Retenção de passaportes e salários (apenas 40% pagos em moeda chinesa);

Restrições de movimento, acidentes de trabalho e ausência de contratos formais.


Os trabalhadores foram encontrados descansando em condições precárias, e muitos relataram acidentes devido à privação de sono e exposição ao sol sem proteção adequada. Segundo o MPT, essas condições configuram trabalho forçado e violação sistemática dos direitos humanos.

Após a operação, a BYD encerrou o contrato com a terceirizada e transferiu os trabalhadores resgatados para hotéis. A Jinjiang afirma que os passaportes foram recolhidos temporariamente para regularização e negou restrição de liberdades. Os trabalhadores expressaram desejo de permanecer no Brasil e pediram apoio do governo para resolver a situação.

Referência:
G1. Em vídeo postado por terceirizada da BYD, trabalhadores negam condição de escravidão. Publicado em 27 de dezembro de 2024. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em 28 de dezembro de 2024.