Extremo sul: MDB enfrenta derrota avassaladora na região

Nas eleições municipais de 2024, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) experimentou um cenário desafiador no extremo sul da Bahia, uma das regiões mais estratégicas do estado. Dos treze municípios que compõem o território, o partido só conseguiu eleger um prefeito: Beto Pinto, que buscava a reeleição em Medeiros Neto. Apesar da grande presença de candidatos do partido na região — cinco no total —, a performance foi aquém das expectativas, revelando uma crise de liderança e a divisão interna da base, que desde o escândalo envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima, tem enfrentado dificuldades para consolidar sua base política.
A única vitória do MDB no extremo sul da Bahia nas eleições de 2024 foi a de Beto Pinto, que obteve a reeleição em Medeiros Neto. O prefeito conseguiu manter seu posto, o que garantiu ao partido um respiro em uma eleição marcada por derrotas em praticamente todos os outros municípios.
Beto Pinto, apresentou uma gestão que, apesar dos desafios, conseguiu cativar os eleitores e se manter no comando. A reeleição dele, no entanto, foi um alicerce solitário em um contexto de crescente fragmentação e divisão do MDB na região.
Derrota Avassaladora em Teixeira de Freitas

Teixeira de Freitas, o maior município do extremo sul baiano, foi palco de uma derrota monumental para o MDB nas eleições de 2024. Uldurico Júnior, candidato do partido, foi derrotado de forma esmagadora, colocando em xeque a força da família Pinto na cidade. A derrota não só evidenciou a falta de coesão dentro do partido como também expôs a rejeição popular diante do nome de Uldurico Júnior.
Em Teixeira de Freitas, sempre com o apoio do pai homônimo, Uldurico Pinto Júnior vinha de duas derrotas eleitorais. Perdeu para prefeito em Porto Seguro, em 2020 (com apoio do governo estadual e do casal Robério e Cláudia Oliveira), e perdeu para deputado federal, em 2022. Para muitos especialistas a falta de diálogo foi um fator decisivo para o resultado.
O Fracasso em Outros Municípios: Caravelas, Itanhém, Lajedão e Vereda
Além da derrota esmagadora em Teixeira de Freitas, o MDB também não conseguiu conquistar a prefeitura de outros municípios do extremo sul. Em Caravelas, Itanhém, Lajedão e Vereda, o partido saiu derrotado nas urnas, revelando uma grande dificuldade em manter uma base sólida e ampla.
Esses fracassos refletem o enfraquecimento da legenda na região e a falta de liderança e articulação política. Nas cidades menores, a competição política se intensificou com a ascensão de novas lideranças locais.
A perda de relevância do partido em várias dessas cidades também é atribuída ao desgaste da imagem de figuras políticas associadas ao MDB, como o próprio ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi preso em 2017 por envolvimento em um esquema de corrupção. Mesmo após o término de sua pena, o partido enfrenta um estigma de falta de renovação e de ausência de uma liderança capaz de revitalizar suas bases eleitorais.
Além das derrotas nas urnas, o MDB no extremo sul da Bahia também enfrenta um histórico de polêmicas que prejudica ainda mais sua imagem perante o eleitorado. A família Pinto, liderada por Uldurico Pinto, foi alvo de investigações relacionadas a casos de corrupção, o que aumenta a desconfiança de parte da população em torno da candidatura . Esse desgaste se soma ao fato de que o MDB, embora atualmente esteja na base de apoio do governo estadual do PT, tem uma trajetória isenta de controvérsias. O partido, inclusive, foi um dos principais articuladores da oposição ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, votando contra o afastamento da petista — uma posição que, na época, gerou tensão política em diversos estados e que até hoje reflete nas relações do MDB com uma parte significativa do eleitorado baiano. No caso de Uldurico Júnior, que disputou a prefeitura de Teixeira de Freitas em 2024, sua vinculação ao MDB e a postura do partido frente a momentos críticos da política nacional, como o impeachment, reforçam a imagem de um MDB sem um alinhamento claro e consistente, prejudicando ainda mais sua credibilidade nas eleições locais.
O Comando de Geddel Vieira Lima: Um Partido em Crise

O MDB na Bahia tem sido comandado por Lúcio e Geddel Vieira Lima, figuras de destaque na política baiana, mas que carrega um peso histórico complicado. Durante anos, Geddel foi uma das principais figuras da política estadual, mas seu nome ficou marcado negativamente devido aos escândalos de corrupção que abalaram sua carreira e o partido.
A crise dentro do MDB na Bahia em 2024 que continua sendo atrelado à figura de Geddel. Para muitos observadores apontam que a falta de novos líderes e a dificuldade de atrair figuras frescas e carismáticas para a política local tem enfraquecido a legenda. Além disso, a imagem de Geddel ainda está longe de ser completamente dissociada das controvérsias que marcaram sua trajetória, o que tem prejudicado a atratividade do partido para novos eleitores.
A Falta de Resultados em Salvador

Outro aspecto que agrava a situação do MDB na Bahia é seu desempenho em Salvador, a capital do estado. Nas eleições de 2024, o partido, que havia lançado como candidato a prefeito o atual vice-governador Geraldo Júnior, terminou em um distante terceiro lugar, o que demonstra uma queda significativa na aceitação popular. O MDB não conseguiu se consolidar como uma alternativa viável para o eleitorado soteropolitano, ficando atrás tanto do vencedor quanto do segundo colocado.
A derrota em Salvador é um reflexo da desconexão do MDB com as novas demandas políticas da população. A candidatura de Geraldo, apesar de contar com o respaldo de uma longa trajetória política, não foi suficiente para galvanizar o eleitorado, especialmente em um cenário onde temas como inovação, corrupção e mobilidade urbana e segurança dominaram as discussões.
Redação