Relatório indica intensa mortandade de corais no Nordeste em 2024

O balanço anual de 2024 do projeto Coral Vivo, divulgado nesta segunda-feira (30), trouxe preocupações com os efeitos da forte onda de calor associada ao fenômeno El Niño. De acordo com o relatório, os recifes de coral no Brasil sofreram o segundo grande episódio de branqueamento, que resultou em uma intensa mortalidade. A porção norte da região Nordeste foi a mais afetada, com impactos perceptíveis no litoral de cidades como Maragogi (AL), Natal (RN) e Salvador (BA).
A onda de calor foi menos intensa e duradoura no Sudeste e no sul da Bahia, resultando em menor mortalidade nessas áreas, onde estão os maiores e mais diversos recifes de coral do Brasil.
Espécies mais afetadas
As duas espécies mais afetadas no primeiro grande branqueamento, registrado em 2019, foram novamente as mais impactadas em 2024: o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e o coral-vela (Mussismilia harttii), sendo este último uma espécie ameaçada de extinção encontrada exclusivamente em águas brasileiras.
O branqueamento ocorre por diversos fatores, com o aumento da temperatura como um dos mais relevantes. Esse processo acontece quando os pólipos do coral expelem as zooxantelas, organismos que vivem em seus tecidos e são responsáveis pela pigmentação. A relação simbiótica, essencial para a sobrevivência do coral, é rompida, resultando na perda de cor e, muitas vezes, na morte do coral.
Necessidade de ações de conservação
“O aprofundamento das investigações reforça nosso esforço por políticas públicas e áreas de conservação, tornando mais efetiva a proteção de todo o ecossistema coralíneo brasileiro, sobretudo no litoral sul da Bahia”, destaca o relatório, que sintetiza monitoramentos realizados ao longo do ano em 18 pontos estratégicos da costa brasileira.
Criado em 1996, o projeto Coral Vivo consolidou-se como um centro de pesquisa com reconhecimento nacional e internacional, com foco na compreensão dos ciclos de vida dos corais, fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de conservação e recuperação de recifes degradados.
Consequências ambientais e econômicas
A morte de corais traz consequências devastadoras para a biodiversidade e a economia. Além de proteger as praias da erosão, os corais abrigam e alimentam milhares de espécies marinhas, sustentando a pesca e o turismo, fontes de renda para comunidades costeiras.
O principal fator de preocupação é o aumento da temperatura dos oceanos, impulsionado pelas mudanças climáticas. Em 2024, a onda de calor foi agravada pelo fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Esse fenômeno, que ocorre em intervalos de três a sete anos, afeta o clima global, alterando padrões de transporte de umidade, temperaturas e chuvas.
Fonte: Agência Brasil.